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segunda-feira, 14 de julho de 2014

O drama das crianças migrantes

San Jose las Flores (AE) - Gilberto Ramos queria sair de sua fria vila nas montanhas e ir para os Estados Unidos para ganhar dinheiro e tratar da epilepsia da mãe. A mãe implorou para que ele não fosse. “O melhor tratamento teria sido se ele tivesse ficado”, disse Cipriana Juárez Díaz, chorando, durante entrevista concedida à Associated Press no início de julho. Como ele não cedeu, a mãe colocou em seu pescoço num rosário branco, para que passasse pela fronteira com segurança. Um mês depois, seu corpo em decomposição foi encontrado num deserto do Texas. E o menino se transformou num símbolo dos perigos enfrentados por várias crianças, parte de um recente fluxo de jovens desacompanhados provenientes da América Central que estão entrando ilegalmente nos Estados Unidos. 

Autoridades norte-americanas afirmaram que Gilberto, tinha 11 anos, mas seus pais afirmaram que ele era um pouco mais velho, tinha 15 anos. Os pais explicaram que demoraram vários anos para registrar seu nascimento por causa da distância da vila em que moram, nas montanhas do norte da Guatemala. Quando finalmente registraram o filho, haviam esquecido a verdadeira data de nascimento de Gilberto, então declararam a mesma data de nascimento do irmão mais novo. “Ele era um bom filho”, disse Juarez. “Que Deus me dê forças para suportar isso”. O menino estava sem camisa quando foi encontrado e provavelmente sofreu uma insolação, mas ainda usava o rosário dado pela mãe.

Meninos adolescentes procurando emprego fazem, há tempos, parte da rede de jovens que saem da América Central fugindo da pobreza e da violência das gangues. Mas o número de crianças imigrantes desacompanhadas encontradas ao longo da fronteira dos Estados Unidos vem aumentando há três anos. 

Os imigrantes contam ter ouvido que crianças que viajam sozinhas e pais viajando com crianças pequenas seriam libertados pelas autoridades norte-americanas e obteriam permissão para seguir até seu destino. Gilberto também ouviu na Guatemala que, se entrasse, teria permissão para ficar, afirmou sua família. 

Ele nasceu e cresceu em San José Las Flores numa modesta casa de madeira e chapas de metal nas montanhas Cuchumatanes, na província de Huehuetenango, que fica perto da fronteira com o México. A mais de 2 mil metros de altitude, a beleza exuberante dos picos e cânions é um grande contraste com a extrema pobreza. Não há água encanada ou potável e apenas uma latrina na casa da família. Na cozinha, há comida, tortilhas ou atole de trigo, uma bebida típica, mas nunca o suficiente para todos.

O aglomerado de casas onde Gilberto vivia só é acessível a pé, uma caminhada difícil de mais de um quilômetro ao longo de um caminho rochoso e às vezes lamacento em meio a cânions. Gilberto fazia esse caminho todo dia para ir à escola, onde ele chegou até a terceira série, antes de abandonar os estudos. “Ele teve de trabalhar para ajudar a família”, disse seu professor, Francisco Hernandez, que se lembra que Gilberto adorava desenhar. 

Gilberto e seu pai, Francisco Ramos, empregavam-se na colheita e limpeza de milho. As coisas melhoraram quando o filho mais velho, Esbin Ramos, chegou a Chicago e começou a trabalhar num restaurante. Ele envia entre US$ 100 e US$ 120 por mês quando a situação permite, o que possibilitou à família construir uma casa de dois cômodos com blocos de cimento, em substituição ao antigo barraco de madeira, e a pintaram de vermelho e verde. Gilberto dormia num pedaço de espuma colocado no chão. 

Baixo, quieto e humilde, ele ficou perto de casa, mas foi ficando cada vez mais desesperado e entediado, disse Esbin Ramos Sua mãe foi ficando cada vez mais doente. O irmão mais velho sugeriu que Gilberto fosse para Chicago, onde ele poderia voltar para a escola e trabalhar durante a noite e nos finais de semana.

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