U m sítio histórico localizado no bairro dos Guarapes, zona Oeste de Natal, é constantemente saqueado e depredado, segundo os moradores das proximidades. O conjunto tombado pelo patrimônio histórico estadual compreende o Casarão dos Guarapes, um antigo armazém e um trapiche construídos pelo comerciante Fabrício Pedroza no século 18. Em ruínas, as três edificações ficam próximas uma da outra e estão dentro de nove hectares de área. Apesar do crítico estado de conservação, as paredes e fundações não são poupadas de roubo.
O casarão é o mais acessível e íntegro dos três. Algumas janelas ainda possuem restos da moldura em madeira. As paredes, com tijolos aparentes e cerca de 40 centímetros de espessura, permanecem erguidas. Mas alguns moradores que nasceram e cresceram visitando o lugar acreditam que o prédio não irá se manter por muito tempo. O auxiliar de serviços gerais José Waltércio da Silva, de 23 anos, percebe a diferença ao longo dos anos desde a primeira vez que foi ao casa em uma aula de campo aos 13 anos de idade. “Não tinha esses buracos nas paredes, eram maiores. Esses buracos no chão é porque os alicerces foram tirados”, disse ele.
Internamente, não sobrou parede alguma. Uma pilha de pedras se acumula em uma das regiões da casa. Outro morador do bairro acredita que o material empilhado não serviria para o objetivo dos saqueadores. “Eles deixam essas aí e levam só as partes inteiras. Tem gente encomendando esses tijolos para enfeitar a casa”, cogitou José Valdilon da Silva, 32 anos, servidor público.
Apenas cercas de arame protegem a antiga casa e escritório de 240 metros quadrados. Localizada no alto de uma colina, a vista da casa é o encontro do rio Jundiaí – que mais à frente transforma-se em Potengi - com o rio Guarapes. Dali, o comerciante também ficava de olho no seu porto privado.
Para chegar ao velho porto de Pedroza, o único meio de acesso é o rio Guarapes, afluente do Jundiaí. A estrutura é composta de um trapiche e do pouco que sobrou de um armazém. Segundo moradores do bairro, apenas os alicerces resistiram ao desgaste natural com o tempo. Mas só recentemente os tijolos da fundação começaram a ser levados.
Da retirada desse material, só sobraram marcas no chão, abertas em volta dos alicerces. “Aqui acho que não tem mais o que ser feito aqui. Não dá pra restaurar. O que se deve fazer é cuidar e preservar o casarão lá em cima”, comentou o servidor público José Valdilon em tom de resignação.
O vizinho dele enxergou rastros nas proximidades do antigo armazém no domingo passado. “Eles trabalharam e levaram mais coisa. Tinha até marca de carro de mão no chão”, lembrou José Waltércio. Embora nunca tenha visto o flagrante, os responsáveis pelo desmonte utilizam canoas para retirar o que sobrou, visto que as modificações são quase que diárias.
Durante a visita da reportagem da TRIBUNA DO NORTE ao local, as ruínas do trapiche estavam submersas em função da maré alta. Mas, segundo os moradores, a estrutura de 320 metros (da terra firme ao atracadouro) ainda não se tornou alvo dos saqueadores.
O professor e ambientalista do movimento Mangue Vivo, Milton França Júnior, acredita em duas hipóteses para o sumiço do material histórico. “Uma suspeita é que os ribeirinhos estejam fazendo alguma construção e utilizem essas pedras na base de suas casas. Mas não podemos descartar que estejam sendo levados para alguém que enxergue o valor histórico desse material”, falou.
Pedroza
Nascido na Paraíba, Fabrício Pedroza veio para o Rio Grande do Norte e casou-se com Damiana, herdeira do sítio Cuité. A propriedade rural deu origem ao município de Macaíba. Era do casarão que ele comandava o porto que teve seu auge entre 1860 e 1890, chegando a rivalizar em volume de mercadorias movimentadas com o porto de Natal, localizado na rua Tavares de Lira. O porto do paraibano chegou a exportar couro, algodão, açúcar e cereais para outras partes do Brasil e Europa. Em 1990, as ruínas viraram patrimônio histórico estadual. Pedroza também é patriarca da família que gerou três governador do Estado (Pedro Velho, Alberto Maranhão e Sílvio Pedroza). O empresário de transporte público, Augusto Maranhão é um dos descendentes do comerciante.
ninho das garças
Muito próximo do sítio histórico, também há um ninhal de garças - segundo Milton França, o único da Grande Natal. Esse foi outro motivo que chamou sua atenção para essa questão. A proposta do ambientalista é que toda a região se torne um Eco Parque estadual com atividades de ecoturismo desenvolvidas pela população do bairro.
“O complicado é que o ninhal das garças fica muito próximo ao sítio histórico. Mas talvez se restaurassem o armazém daria para fazer um posto de pesquisa, ou algo desse tipo”, sugeriu.
Mas essa não é a primeira iniciativa para tentar ocupar o complexo histórico. Em 2011, a Fundação José Augusto (FJA) formatou um projeto de restauração no valor de R$ 800 mil apenas para o Casarão dos Guarapes. A ideia era transformar o Casarão dos Guarapes em um centro cultural. Só que tudo isso só ficou no projeto mesmo.
“Foi eu quem fiz o projeto, ficaram de restaurar o prédio e o projeto ficou lá na Secretaria de Infraestrutura [SIN]”, disse Paulo Eider Feijó, arquiteto especializado em patrimônio histórico da FJA. Ele falou também que não tinha novidades a acrescentar. A reportagem da TRIBUNA DO NORTE entrou em contato com a assessoria de imprensa da SIN, mas não obteve resposta.
O casarão é o mais acessível e íntegro dos três. Algumas janelas ainda possuem restos da moldura em madeira. As paredes, com tijolos aparentes e cerca de 40 centímetros de espessura, permanecem erguidas. Mas alguns moradores que nasceram e cresceram visitando o lugar acreditam que o prédio não irá se manter por muito tempo. O auxiliar de serviços gerais José Waltércio da Silva, de 23 anos, percebe a diferença ao longo dos anos desde a primeira vez que foi ao casa em uma aula de campo aos 13 anos de idade. “Não tinha esses buracos nas paredes, eram maiores. Esses buracos no chão é porque os alicerces foram tirados”, disse ele.
Internamente, não sobrou parede alguma. Uma pilha de pedras se acumula em uma das regiões da casa. Outro morador do bairro acredita que o material empilhado não serviria para o objetivo dos saqueadores. “Eles deixam essas aí e levam só as partes inteiras. Tem gente encomendando esses tijolos para enfeitar a casa”, cogitou José Valdilon da Silva, 32 anos, servidor público.
Apenas cercas de arame protegem a antiga casa e escritório de 240 metros quadrados. Localizada no alto de uma colina, a vista da casa é o encontro do rio Jundiaí – que mais à frente transforma-se em Potengi - com o rio Guarapes. Dali, o comerciante também ficava de olho no seu porto privado.
Para chegar ao velho porto de Pedroza, o único meio de acesso é o rio Guarapes, afluente do Jundiaí. A estrutura é composta de um trapiche e do pouco que sobrou de um armazém. Segundo moradores do bairro, apenas os alicerces resistiram ao desgaste natural com o tempo. Mas só recentemente os tijolos da fundação começaram a ser levados.
Da retirada desse material, só sobraram marcas no chão, abertas em volta dos alicerces. “Aqui acho que não tem mais o que ser feito aqui. Não dá pra restaurar. O que se deve fazer é cuidar e preservar o casarão lá em cima”, comentou o servidor público José Valdilon em tom de resignação.
O vizinho dele enxergou rastros nas proximidades do antigo armazém no domingo passado. “Eles trabalharam e levaram mais coisa. Tinha até marca de carro de mão no chão”, lembrou José Waltércio. Embora nunca tenha visto o flagrante, os responsáveis pelo desmonte utilizam canoas para retirar o que sobrou, visto que as modificações são quase que diárias.
Durante a visita da reportagem da TRIBUNA DO NORTE ao local, as ruínas do trapiche estavam submersas em função da maré alta. Mas, segundo os moradores, a estrutura de 320 metros (da terra firme ao atracadouro) ainda não se tornou alvo dos saqueadores.
O professor e ambientalista do movimento Mangue Vivo, Milton França Júnior, acredita em duas hipóteses para o sumiço do material histórico. “Uma suspeita é que os ribeirinhos estejam fazendo alguma construção e utilizem essas pedras na base de suas casas. Mas não podemos descartar que estejam sendo levados para alguém que enxergue o valor histórico desse material”, falou.
Pedroza
Nascido na Paraíba, Fabrício Pedroza veio para o Rio Grande do Norte e casou-se com Damiana, herdeira do sítio Cuité. A propriedade rural deu origem ao município de Macaíba. Era do casarão que ele comandava o porto que teve seu auge entre 1860 e 1890, chegando a rivalizar em volume de mercadorias movimentadas com o porto de Natal, localizado na rua Tavares de Lira. O porto do paraibano chegou a exportar couro, algodão, açúcar e cereais para outras partes do Brasil e Europa. Em 1990, as ruínas viraram patrimônio histórico estadual. Pedroza também é patriarca da família que gerou três governador do Estado (Pedro Velho, Alberto Maranhão e Sílvio Pedroza). O empresário de transporte público, Augusto Maranhão é um dos descendentes do comerciante.
ninho das garças
Muito próximo do sítio histórico, também há um ninhal de garças - segundo Milton França, o único da Grande Natal. Esse foi outro motivo que chamou sua atenção para essa questão. A proposta do ambientalista é que toda a região se torne um Eco Parque estadual com atividades de ecoturismo desenvolvidas pela população do bairro.
“O complicado é que o ninhal das garças fica muito próximo ao sítio histórico. Mas talvez se restaurassem o armazém daria para fazer um posto de pesquisa, ou algo desse tipo”, sugeriu.
Mas essa não é a primeira iniciativa para tentar ocupar o complexo histórico. Em 2011, a Fundação José Augusto (FJA) formatou um projeto de restauração no valor de R$ 800 mil apenas para o Casarão dos Guarapes. A ideia era transformar o Casarão dos Guarapes em um centro cultural. Só que tudo isso só ficou no projeto mesmo.
“Foi eu quem fiz o projeto, ficaram de restaurar o prédio e o projeto ficou lá na Secretaria de Infraestrutura [SIN]”, disse Paulo Eider Feijó, arquiteto especializado em patrimônio histórico da FJA. Ele falou também que não tinha novidades a acrescentar. A reportagem da TRIBUNA DO NORTE entrou em contato com a assessoria de imprensa da SIN, mas não obteve resposta.
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