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sexta-feira, 29 de maio de 2015

Segurança de reforma está em xeque

Não foi preciso mais que dez dias para que os 226 presos do Pavilhão 4 da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, em Nísia Floresta, colocassem em xeque a qualidade da reforma executada na unidade prisional. Soltos no pavilhão, os apenados escavaram mais um túnel para fuga em massa, mas não lograram êxito. Um alerta, porém, foi dado pelo Batalhão de Choque da Polícia Militar (BPChoque), que vistoriou o cumprimento dos requisitos de segurança após a conclusão da reforma que se estendeu por 45 dias no pavilhão. Os militares constataram que o piso poderia ser facilmente removido e, inclusive, gravaram um vídeo usando um pedaço de madeira para comprovar a fragilidade da estrutura. Além disso, apontaram que não somente o piso, mas muros e paredes haviam sido reerguidos com tijolos comuns e sem nenhuma proteção extra.
cedidaEm dez dias, presos escavaram túnel em cela do pavilhão 4
Em dez dias, presos escavaram túnel em cela do pavilhão 4

Tais informações constam num relatório apresentado pelo BPChoque ao Governo do Estado, Ministério Público, Poder Judiciário e Comando Geral da Polícia Militar, numa reunião realizada com representantes de tais órgãos há alguns dias. A existência do documento foi confirmada pela promotora de Justiça da Comarca de Nísia Floresta, Ana Jovina Ferreira; e pelos juízes José Ricardo Dahbar Arbex e Henrique Baltazar Vilar dos Santos. Trechos do relatório compõem a decisão do juiz José Arbex, que interditou Alcaçuz parcialmente no início desta semana: “A estrutura é escassa, não só pelo ambiente insalubre, mas também em relação a parte estrutural, na qual, conforme relatório do Batalhão de Polícia de Choque (a única com capacidade de adentrar os pavilhões de Alcaçuz), está sujeita a desmoronamento”. 


O juiz de Execuções Penais, Henrique Baltazar, entretanto, pontuou alguns trechos publicáveis do documento. Ele destacou que “o BPChoque filmou a fragilidade do piso, que se desprendia com o uso de cabo de madeira”. O magistrado confirmou que o material utilizado para a reforma das paredes e muros destruídos era simples, sem nenhum tipo de reforço que garantisse mais segurança e impedisse a escavação de túneis. “O relatório aponta todas as fragilidades. A Sesed tem uma cópia do relatório e o Governo é ciente da situação. A Sejuc e a Coape estavam presentes à reunião”, listou. Henrique Baltazer comentou, ainda, que se quiserem, “os presos derrubam os muros a qualquer momento”, pois seguem soltos no Pavilhão.

O primeiro túnel do recentemente reformado Pavilhão 4 foi encontrado na manhã de ontem, numa inspeção programada. Militares do BPChoque, homens do Grupamento de Operações Especiais dos Agentes Penitenciários (GOE) e cães farejadores, descobriram mais uma estrutura de túnel que, por pouco, não foi usada para mais uma fuga em massa. A estrutura, com aproximadamente 10 metros de profundidade foi construída a partir do rol de uso coletivo do Pavilhão 4, ao lado de um sanitário usado por visitantes, teoricamente. Os presos encheram parte da Cela 01 com a areia retirada do solo e estavam próximos do muro que dá acesso ao matagal externo ao complexo prisional. Ninguém conseguiu fugir. A tampa do buraco foi concretada no início da tarde de ontem.

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