Pelo menos dez construtoras que prestam serviços para a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) prometem paralisar e demitir quase dois mil trabalhadores caso a universidade não regularize repasses até amanhã (8). As empreiteiras estimam que a dívida chegue a R$ 10 milhões, referentes a atrasos no pagamento das medições das obras desde fevereiro deste ano. A universidade, apesar de não reconhecer o débito, admite que atrasos podem ter acontecido no pagamento das medições custeadas com recursos da fonte 321, a serem repassadas pelo Governo Federal. De acordo com a pró-reitoria de Administração, esta situação deve ser resolvida até o fim da semana.
São obras diversas, distribuídas em vários campi da universidade. São intervenções iniciadas em anos anteriores, como o Núcleo de Educação Infantil, o Instituto Ágora, a construção do Anel Viário do campus central e a reforma da reitoria da universidade. Além dos atrasos, as construtoras afirmam que deram entrada, em 23 de abril, em ofício solicitando reunião com a reitora Ângela Paiva Cruz – que nunca foi respondido. Por meio da assessoria de comunicação, a universidade afirmou que os contatos com as construtoras estavam sendo mediados pela Proad.
Boa parte das prestadoras de serviço são empresas de médio porte, que têm como principal cliente a universidade. As cinco empresas consultadas pela reportagem apontaram um débito total de R$ 6 milhões.
A LL Engenharia é uma das construtoras que reclama débitos de R$ 778 mil referentes a duas medições não pagas. O proprietário da empresa, Luiz Carlos da Cunha Júnior, afirma que a universidade tem descumprido o novo modelo de pagamento instituído em 2014. Desde o ano passado, as liquidações das medições devem ser entregues ao financeiro até o dia 25 de cada mês, para que possa ser encaminhado ao Ministério da Educação (MEC), e pago às empresas até o início do mês seguinte. Porém, desde março não há repasse.
“Na minha concepção, isso fere o contrato, que não especifica a data, somente que os repasses podem ser pagos até 30 dias depois de dar a entrada”, aponta o proprietário. De acordo com ele, 70% do faturamento da empresa hoje é de obras da UFRN.
Embora não tenho paralisado as obras, as empreiteiras admitem que estão diminuindo o ritmo. Uma das causas seria que, com o atraso nos repasses, não há mais como custear gastos com material, ou pagar fornecedores. “Também paramos de
A empresa AC Engenharia trabalha para a universidade há 30 anos. De acordo com Aníbal Macedo, proprietário, caso a universidade não se comprometa a regularizar os pagamentos, os 100 funcionários distribuídos nas obras serão demitidos. “Segunda-feira é todo mundo de aviso prévio”, alerta. “Nós sabemos que não é um problema pontual da UFRN. O que está acontecendo agora é que a gente tem que correr para banco”, acrescenta Macedo. O proprietário assinou novo contrato na última terça-feira (5) para construção do Laboratório de Processamento de Materiais por Plasma (Labplasma).
“Não é nosso interesse parar uma obra dessa. Se eu demitir ou der férias coletivas, vou ter que pagar o funcionário de qualquer jeito. Você começa aquela obra e ela tem um custo. Se você parar, há o custo de paralisação”, acrescenta ainda Mário Azevedo, da CST Engenharia.
Obras comprometidasEmpreiteiras responsáveis prometem paralisar construções na próxima semana.
10 empresas reclamam atrasos nos valores a
- LL Engenharia
- LH Engenharia e estruturas
- CST Construção e Serviços Técnicos
- AC Engenharia
- SBM Engenharia
- F2 Engenharia
- ECCL Engenharia
- AGN Arquitetura e Engenharia
- Lotil Engenharia
- Taldi Engenharia
R$ 6 milhões é o valor que as empresas reclamam
- Obras e valores a receber
LL Engenharia – R$ 778 mil
•Laboratório de Sismologia
•Instituto Ágora
•Quadra do Núcleo de Educação Infantil (NEI)
•Centro de Biociências
•Unidade de Escola Continuada do •campus de Jundiaí (Macaíba)
•Galpão de descartáveis
SBM Engenharia – R$ 400 mil
•Reforma da Reitoria
•Departamento de Comunicação Social (Decom)
•Acessibilidade da Escola de Música e setor IV
•10 pequenas reformas
•Construção de abrigo de resíduos
LH Engenharia – R$ 1,9 milhão
•Hospital de Santa Cruz
•Campus do Cérebro
•Laboratório de Geologia
•Ampliação do prédio de fisioterapia
CST Engenharia – R$ 280 mil
•Departamento de Matemática e Informática
•Núcleo de Educação Infantil
AC Engenharia – R$ 800 mil
•Anel Viário do Campus Central
•Castelo d’água (reservatório)
•Laboratório de Plasma do Instituto de Física
•UTI Neonatal da Maternidade Januário Cicco
•UTI do do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL)
Nenhum comentário:
Postar um comentário