Espetáculo da Cia
Cênica Ventura, que estreia próxima quinta (13) na Casa da ribeira, transforma
em emoções e magia essa conexão entre crianças e idosos. A peça é a
segunda estreia do Edital Cena Jovem 2015, da Casa da Ribeira
A participação do idoso
nas narrativas infantis quase sempre é secundária, mas quando surgem exceções
que escolhem o caminho do encanto recíproco de gerações, a aceitação é
imediata. O espetáculo teatral “Fabulosas Delicadezas dos Elefantes”, da Cia
Cênica Ventura, segue por esta via ao transformar em emoção e magia essa
conexão intergeracional entre crianças e velhos. A peça é a segunda estreia do
Edital Cena Jovem 2015, projeto da Casa da Ribeira cujo objetivo é fomentar a
pesquisa e criação nas artes cênicas locais. A estreia de “Fabulosas
Delicadezas dos Elefantes” está marcada pela próxima quinta-feira (dia 13), às
15h30, com outras apresentações dias 14 ( 15h30); 15 e 16 (17h); 20 e 21
(15h30); 22 e 23 (17h).
“Um espetáculo
delicadamente dedicado: A todos os velhos do mundo que esquecem/ A todas as
crianças para que sempre se recordem/ Aos meus avós que me fizeram ser uma
criança feliz.”, escreveu Lindemberg Farias, diretor do espetáculo, responsável
também pela concepção dos figurinos e cenografia.
Com dramaturgia escrita
em parceria com Sandro Souza, Farias aposta numa narrativa calcada na
valorização da relação entre crianças e idosos, destacando o que existe de mais
profundo nessa troca: as memórias, a experiência, a alegria e a imaginação, em
um aprendizado mútuo de amor e compreensão. De forma sutil, o texto também
trata do outros sentimentos e situações delicadas, como solidão, paciência,
mudanças de ritmos de vida e aceitação.
Para unir as duas
realidades em um mesmo ambiente, “Fabulosas Delicadezas...” lançou mão de um
recurso bastante criativo. Um ambiente atemporal, onde o orfanato é ao mesmo
tempo um asilo, pois lá o tempo é suspenso e o giro do relógio segue outra
lógica. É neste lugar de reflexão e imaginação onde crianças, vovôs e vovós vivenciam
essa relação igualitária. “Falamos ao mesmo tempo da beleza da vida e da
sutileza da morte, do novo e do velho nas transformações presentes no universo
da criança e dos idosos”, destaca o elenco.
A história parte da
viagem de um menino chamado Luno, que veio da lua como seu nome sugere. Ao
sofrer uma perda, se sente muito triste e sozinho, e o destino o leva a morar
num orfanato, que como dito, de tão antigo virou asilo e lá ele conhece um
monte de moços e moças velhinhas, todos com idades caminhando entre os 70 anos
ou mais. O lugar é diverso e tem desde velhinhos bem alegres, a outros
solitários, alguns ranzinzas e até uns velhos meninos. Gente em busca de
partilhar suas histórias ou querendo apenas um pouco de atenção. Essas
fragilidades podem ser traduzidas no desajeitado elefante do título, que tal
como na parlenda às vezes “incomoda muita gente”.
A peça contextualiza
muitas situações desses personagens, crianças e senhores, as fabulações
magnificamente inventadas, esquecimentos próprios da falta esquisita da
memória, como também a descoberta da criança interior e da velhice precoce em
tantas crianças. Com muita imaginação, “Fabulosas Sutilezas dos elefantes”
retrata o lado verdadeiro desses encontros próprios da vida, com seus altos e
baixos, como também o encantamento e a importância de se resignificar o que é
velho e que nem sempre é descartável por ser simplesmente velho.
Cenografia
O elemento lúdico e
mágico está presente da peça a partir da teatralização de formas animadas, em
sua concepção com estudos e criação de bonecos de vários tamanhos, bem como o
uso de objetos do cotidiano, como aquelas peças antigas que ficam guardadas na
gaveta em total desuso. Há ainda a presença do elemento circo, com a inserção
do tecido aéreo, lira circense e acrobacias. “A intenção é também promover
um espaço lúdico do tempo, nas misturas do teatro contemporâneo que se cria no
hibridismo de linguagens, na composição da música e da dança para crianças e
idosos”, informa Berg Farias.
A Cia Cênica Ventura é
conhecida por unir teatro, dança e circo. É formada por atores, autores,
produtores, professores, pesquisadores, bailarinos, músicos e acrobatas que
dividem outros talentos. Participam deste espetáculo Ana Luiza Faria, Berg
Farias, Manoel Evaristo, Sandro Souza e Tauany Thabata. A direção musical é do
maestro e arranjador Danilo Guanais e conta com a participação de Ricardo da
Mata, do Giramundo Teatro de bonecos, fazendo a assessoria técnica em
iluminação e a provocação cênica, ao lado de Beatriz Apocalypse.
Participam ainda Flávia
Maiara (preparação vocal), Shiva Hari. (voz de Luno), Daini Brum (iluminação),
Alexandre Santos (direção circense: Alexandre Santos.Tato Takai (preparação em
alongamentos e aquecimentos) e a equipe de criação dos bonecos, objetos e sombras
— Neemias Damasceno, Giramundo teatro de bonecos e Cia. Cênica Ventura.
As ilustrações e
imagens são de Erre Rodrigo e a equipe de vídeo é de Nilson Eloí / Estúdio
Sonorus.
SOBRE O CENA JOVEM
Cena Jovem 2015 é
um edital da Casa da Ribeira destinado a abrir as portas para os
artistas do Rio Grande do Norte, dando-lhes suporte para reflexão, montagem de
novas produções, também com foco no público consumidor. Através de prêmios em
dinheiro para o fomento de espetáculos de teatro, dança e seus híbridos. Patrocinado
pela Petrobras, Governo Federal e Governo do Estado, através da Lei Câmara
Cascudo, o projeto contemplou, no início deste ano, prêmios no valor de R$
30 mil para cada um dos quatro grupos selecionados — Procura-se
Companhia, Cia Cênica Ventura, Sociedade Cênica Trans e Cia Arte &
Riso — que ganharam ainda 64 ocupações do teatro da Casa para o
aperfeiçoamento da prática artística profissional, sendo os cem por cento da
bilheteria dessa ocupação para os artistas envolvidos. Os ingressos são subsidiados
e por isso tem valor de R$ 10,00.
A temporada do Cena Jovem vai até novembro. Após “Fita-me e “Fabulosas
delicadezas dos elefantes” , ainda chegarão ao palco “Pode ser que seja” e “Meu
nome é Zé”,
Fotos: Rodrigo Sena
SERVIÇO
Fabulosas Delicadezas dos Elefantes
Cena Jovem 2015
Dias 13 e 14 ( 15h30); 15 e 16
(17h; 20 21 (15h30);
22 23 (17h)
Classificação Indicativa - Livre
Horários: Quintas e Sextas 15h30 e Sáb. e dom 17h.
Preço 10,00
Nenhum comentário:
Postar um comentário