Imagine um programa de computador que monitora toda a rede de internet dos principais órgãos ligados ao Governo Federal. Para um leigo, provavelmente é algo que só pode partir de alguém com anos de experiência no assunto, ou ainda de outros governos que tenham interesse envolvidos. Contudo, para um jovem de 18 anos, que vive em Natal, não é a coisa mais difícil de se fazer.
Pedro Felipe é o criador de um programa de computador que acompanha em tempo real todas as alterações de páginas da Wikipédia (enciclopédia colaborativa virtual) feitas pela rede de internet de órgãos como o Senado, Supremo Tribunal Federal, Câmara Federal, Serpro, Procuradoria-Geral da República, Dataprev, Petrobras, Banco Central, Banco do Brasil, Caixa e do Palácio do Planalto. E foi do endereço de trabalho da presidente Dilma Rousseff que foi feita a alteração mais polêmica registrada pelo ‘bot’ Brasil WikiEdits: artigos sobre os jornalistas Carlos Alberto Sardenberg, da Rádio CBN e da TV Globo, e Míriam Leitão, colunista do jornal O Globo, com o objetivo de criticá-los.
Para Pedro, o episódio mostra que ainda falta fiscalização no que se faz dentro do Governo. “Não fiz nada demais. São informações públicas, os próprios IPs (identidade digital que identifica a rede onde foram feitas as alterações) que o ‘bot’ monitora são públicos. Apenas consegui fazer com que as pessoas tenham acesso fácil a essas informações”, explicou ele.
Pedro trabalha como desenvolvedor web. Ele diz que desde cedo se interessou por programação para internet. “Comecei a mexer com isso aos 12 anos. Eu gosto. Não tenho interesse político nenhum com isso, mexo com programação porque tenho facilidade de trabalhar nessa área e só quero que exista mais transparência”, explica o programador.
Pedro conta que teve a ideia de desenvolver o programa após ver uma matéria de um jornal de São Paulo que fala sobre o assunto. “Pesquisei e descobri programas semelhantes na Inglaterra e nos Estados Unidos, que também fazem esse monitoramento. Como são ferramentas de código aberto (onde o programador pode realizar alterações), eu adaptei algumas coisas para que servisse também para órgãos públicos aqui no Brasil”.
O programador diz que todos os IPs monitorados são abertos, portanto, qualquer pessoa tem acesso. “Com o mínimo conhecimento de programação avançada, você encontra. Não é tão difícil”, afirma. Depois do caso envolvendo o Palácio do Planalto, o perfil da ferramenta no Twitter ganhou muitos seguidores, dentre eles jornalistas, outros programadores e curiosos.
Pedro conta que a página atua de forma independente, ou seja, qualquer alteração feita por uma das redes de internet monitoradas é identificada imediatamente. E enviadas para as redes sociais. E dentre as alterações, algumas chamam a atenção pela ‘bizarrice’, como define o rapaz. “As mais bizarras são as alterações feitas pela rede da Petrobras e da Serpro. Essa semana alteraram um artigo sobre o Digimon (animação japonesa que fez sucesso no Brasil nos anos 2000). Já a rede do Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados) editou um sobre o filme Branca de Neve e os Sete Anões. Virou meme”, brinca ele.
O rapaz rebateu ainda declarações feitas pela Secretaria de Comunicação da Presidência da República, que afirmou ser impossível saber de qual computador partiram as alterações nos artigos sobre os jornalistas. “Dá pra saber sim. Cada máquina tem uma placa de rede que permite identificá-la. Se correr atrás, dá para descobrir”, afirma. O programador diz que não esperava que a ferramenta tivesse tanta repercussão, mas garante que pretende continuar. “Repercutiu de forma muito positiva. É o tipo de coisa que deveria ser feita pelo Governo, pelos órgãos públicos, e não pelo cidadão comum. Achei que ficaria só na internet, mas com a televisão mostrando, as pessoas sabem que podem ter acesso a esse tipo de informação”, diz ele.
Para o futuro, Pedro afirma que vai trabalhar para desenvolver outros projetos ligados à programação. “Este ano começo o curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas no IFRN (Instituto de Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte) e planejo seguir com Brasil WikiEdits, além de desenvolver outros projetos pessoais. Acho que falamos pouco sobre esses assuntos. Pode não parecer, mas ainda falta muita transparência no Brasil”, afirma.
Entenda o caso
Entre os dias 10 e 13 de maio, os artigos da Wikipedia sobre os jornalistas Carlos Alberto Sardenberg e Míriam Leitão foram alterados por computadores da rede do Palácio do Planalto.
O perfil @brWikiEdits é um programa de código aberto, baseado nos @ParliamentEdits, que monitora o Parlamento do Reino Unido, e no @CongressEdits, que monitora o Congresso dos EUA.
Em 28 de julho, o primeiro tweet do @brWikiEdits fala sobre as redes de internet que seriam monitoradas. Os dois primeiros tweets automáticos são sobre alterações nos artigos Super Sentai e Kamen Rider Series (série da televisão japonesa sobre super- heróis), feitas pela rede da Petrobras.
Em 29 de julho, o perfil da ferramenta no Twitter identifica uma alteração feita no artigo sobre a Arena das Dunas, estádio de Natal que sediou quatro jogos da Copa do Mundo.
Pedro Felipe é o criador de um programa de computador que acompanha em tempo real todas as alterações de páginas da Wikipédia (enciclopédia colaborativa virtual) feitas pela rede de internet de órgãos como o Senado, Supremo Tribunal Federal, Câmara Federal, Serpro, Procuradoria-Geral da República, Dataprev, Petrobras, Banco Central, Banco do Brasil, Caixa e do Palácio do Planalto. E foi do endereço de trabalho da presidente Dilma Rousseff que foi feita a alteração mais polêmica registrada pelo ‘bot’ Brasil WikiEdits: artigos sobre os jornalistas Carlos Alberto Sardenberg, da Rádio CBN e da TV Globo, e Míriam Leitão, colunista do jornal O Globo, com o objetivo de criticá-los.
Para Pedro, o episódio mostra que ainda falta fiscalização no que se faz dentro do Governo. “Não fiz nada demais. São informações públicas, os próprios IPs (identidade digital que identifica a rede onde foram feitas as alterações) que o ‘bot’ monitora são públicos. Apenas consegui fazer com que as pessoas tenham acesso fácil a essas informações”, explicou ele.
Pedro trabalha como desenvolvedor web. Ele diz que desde cedo se interessou por programação para internet. “Comecei a mexer com isso aos 12 anos. Eu gosto. Não tenho interesse político nenhum com isso, mexo com programação porque tenho facilidade de trabalhar nessa área e só quero que exista mais transparência”, explica o programador.
Pedro conta que teve a ideia de desenvolver o programa após ver uma matéria de um jornal de São Paulo que fala sobre o assunto. “Pesquisei e descobri programas semelhantes na Inglaterra e nos Estados Unidos, que também fazem esse monitoramento. Como são ferramentas de código aberto (onde o programador pode realizar alterações), eu adaptei algumas coisas para que servisse também para órgãos públicos aqui no Brasil”.
O programador diz que todos os IPs monitorados são abertos, portanto, qualquer pessoa tem acesso. “Com o mínimo conhecimento de programação avançada, você encontra. Não é tão difícil”, afirma. Depois do caso envolvendo o Palácio do Planalto, o perfil da ferramenta no Twitter ganhou muitos seguidores, dentre eles jornalistas, outros programadores e curiosos.
Pedro conta que a página atua de forma independente, ou seja, qualquer alteração feita por uma das redes de internet monitoradas é identificada imediatamente. E enviadas para as redes sociais. E dentre as alterações, algumas chamam a atenção pela ‘bizarrice’, como define o rapaz. “As mais bizarras são as alterações feitas pela rede da Petrobras e da Serpro. Essa semana alteraram um artigo sobre o Digimon (animação japonesa que fez sucesso no Brasil nos anos 2000). Já a rede do Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados) editou um sobre o filme Branca de Neve e os Sete Anões. Virou meme”, brinca ele.
O rapaz rebateu ainda declarações feitas pela Secretaria de Comunicação da Presidência da República, que afirmou ser impossível saber de qual computador partiram as alterações nos artigos sobre os jornalistas. “Dá pra saber sim. Cada máquina tem uma placa de rede que permite identificá-la. Se correr atrás, dá para descobrir”, afirma. O programador diz que não esperava que a ferramenta tivesse tanta repercussão, mas garante que pretende continuar. “Repercutiu de forma muito positiva. É o tipo de coisa que deveria ser feita pelo Governo, pelos órgãos públicos, e não pelo cidadão comum. Achei que ficaria só na internet, mas com a televisão mostrando, as pessoas sabem que podem ter acesso a esse tipo de informação”, diz ele.
Para o futuro, Pedro afirma que vai trabalhar para desenvolver outros projetos ligados à programação. “Este ano começo o curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas no IFRN (Instituto de Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte) e planejo seguir com Brasil WikiEdits, além de desenvolver outros projetos pessoais. Acho que falamos pouco sobre esses assuntos. Pode não parecer, mas ainda falta muita transparência no Brasil”, afirma.
Entenda o caso
Entre os dias 10 e 13 de maio, os artigos da Wikipedia sobre os jornalistas Carlos Alberto Sardenberg e Míriam Leitão foram alterados por computadores da rede do Palácio do Planalto.
O perfil @brWikiEdits é um programa de código aberto, baseado nos @ParliamentEdits, que monitora o Parlamento do Reino Unido, e no @CongressEdits, que monitora o Congresso dos EUA.
Em 28 de julho, o primeiro tweet do @brWikiEdits fala sobre as redes de internet que seriam monitoradas. Os dois primeiros tweets automáticos são sobre alterações nos artigos Super Sentai e Kamen Rider Series (série da televisão japonesa sobre super- heróis), feitas pela rede da Petrobras.
Em 29 de julho, o perfil da ferramenta no Twitter identifica uma alteração feita no artigo sobre a Arena das Dunas, estádio de Natal que sediou quatro jogos da Copa do Mundo.
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