AO AMIGO ¨QUINCAS PADEIRO".... ATÉ BREVE!
Todos nós caiçarenses estamos de luto pela perda prematura do nosso conterrâneo... Nenhum de seus filhos amou tanto essa terra quanto Quincas Padeiro. Ainda adolescente, precisou ir para Natal estudar na casa dos avós; ledo engano se alguém pensar que Miguel deixou de passar um fim de semana ou feriado fora de sua Caiçara. Desde cedo, tomou gosto pela política partidária, algo que fez até o leito de morte, indubitavelmente o assunto que mais o impulsionava, sobretudo o espírito, haja vista que o corpo já estava debilitado. Ainda nesses dias, próximo a sua "passagem" lhe liguei algumas vezes e sempre com muito entusiasmo ele falava sem parar sobre a política dos municípios irmãos: São Bento e Caiçara. Em determinado momento da conversa, pensei em recomendar-lhe que falasse menos; mas ao mesmo tempo, conclui que não deveria interrompê-lo, haja vista que falar sobre Caiçara funcionava como um bálsamo em sua vida.
Miguel foi criado numa família que transpirava política, teve a oportunidade de conviver com todos os líderes políticos deste município, desde Zé Olimpio, passando por seu pai, o saudoso Chico Padeiro, Miguel conviveu com Zé Pereira, Jomar Olimpio, Fernando Pereira (o mais próximo de todos), Raul Ataíde, Luis Lucas, Pereira Primo e tantos outros que ainda militam na política caiçarense. Em sua velha casa da Rua São Pedro, uma mesa grande e farta graças a Deus sempre disposta a receber quem quer que fosse, pois a família tem coração grande, quem conhece, sabe do que estou falando.
Da Jovem guarda:
Quincas viveu freneticamente essa época áurea da juventude dos anos 70. Conhecia a vida dos artistas como ninguém. Ele, Fernando de Vanginha, Jairivaldo Cacho, Ozivam, Lulu de Fabrício, Reginaldo Ataíde, Ridom e os meninos de seu Virginío eram os responsáveis pelo lançamento, aqui na "terrinha", de tudo que estava em moda no mundo ainda não globalizado. Desde as músicas, as calças pantalon, o corte de cabelo pigmaleão, aos sapatos cavalo de aço, a camisa de volta ao mundo, as réplicas de indumentárias dos artistas que eram detalhadamente copiadas e lançadas pelos modelos supracitados. Nos esporte, as duas cidades viviam uma rivalidade muito grande, quem nos defendia era o time dos "cinco irmãos" a nos presentear com belas vitórias e memoráveis jogadas que ainda ocupam meu imaginário de torcedor. Na música, Roberto Carlos, foi seu eterno Rei, era talvez um dos maiores colecionadores de seus discos e de reportagens; mas isso não invalidaria que soubesse sobre Martinha, Vanderlea, Nara Leão, os Vips, Renato e seus Blues Caps, Erasmo Carlos e Paulo Sergio, em sua última canção. Miguel viveu a época de ouro do inferninho de seu Dão, do Arsenal de Pedro Polotó (na torcida) e Dedé de
Eugênio ou Bode no gol. Esse foi o cenário onde cresceu e fomentou a paixão de forma exacerbada e incondicional pela sua CAIÇARA.
Da família
Quincas teve, em vida, a graça de ter nascido numa belíssima família formada por Seu Chico, Dona Raimunda e seus irmãos, pessoas muito honradas e queridas em nossa comunidade. Como genitor, sempre muito dedicado e cuidadoso, deixou três filhos do primeiro casamento, todos adultos e graduados (formados), motivo de muito orgulho para ele e um filho do segundo casamento, que no momento era a RAZÃO MAIOR de sua vida, sua inspiração, elixir para sua autoestima... é bem verdade que não teve tempo de educá-lo por completo;mas que certamente confiou a sua companheira a tarefa de fazê-lo. Aqui, não tenho dúvidas que onde ele estiver, estará intercedendo por essa dádiva que chegou ao entardecer de sua vida para dar-lhe alegrias e felicidades...
Como percebe-se, nosso protagonista: NASCEU(numa ótima família), CRESCEU (rodeado de parentes e amigos) VIVEU(procriou) e ENCANTOU-SE(subiu aos céus)
Do autor:
Tive o privilégio de conviver com este amigo leal, radical em suas crenças, meticuloso em tudo que fazia e sobre tudo fiel aos seus princípios. Quando soube de sua doença, lhe telefonei e tentei lhe transmitir forças; mas encontrei nele uma energia (vontade de viver) muito grande e lhe prometi que iria rezar ( é assim que se diz em minha religião) o que o fiz pedindo a interseção da Virgem de Aparecida pelo pronto restabelecimento de sua saúde...algo que pelo visto não fui atendido; mas hoje estou resignado pois entendo que o Plano de DEUS é diferente do Plano dos homens.
Do plano espiritual:
Não procure entre os mortos, aquele que está vivo. (Lucas 24, 5-6)
Assim como nosso descanso noturno é necessário para acordamos bem dispostos na manhã seguinte, a morte representa um estado latente durante o qual as energias são recarregadas para o renascimento ou uma nova vida. A vida é eterna. Ela não acaba com a morte. (visão Budista)
"Quincas Padeiro, Miguel ou Estirado" você permanecerá sempre vivo na lembrança de sua geração... Descanse em PAZ!
S A U D A D E S...
DO AMIGO ZÉ DE SOLES.
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