Especialistas em arqueologia e antropologia estiveram no município de Lagoa D'anta e visitaram o ‘Sítio Queimado’, onde populares encontraram artefatos em cerâmica supostamente proto tupi. Além dos técnicos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), estiveram no local autoridades do Executivo e Legislativo municipal. Essa é a primeira etapa para um possível reconhecimento do local enquanto sítio arqueológico.
A busca por um possível sítio arqueológico naquele município, distante 125 km de Natal, começou após a reportagem publicada na TRIBUNA DO NORTE, edição do dia 23 de agosto, na qual a professora e antropóloga Taís Cruz expôs uma peça em cerâmica que possivelmente trata-se de uma tigela indígena. O artefato foi localizado por um aluno dela, em 2012, numa área de exploração de areia para construção civil. O rapaz doou a peça à professora há menos de um mês, quando Taís Cruz suspeitou ser um achado arqueológico.
O possível achado arqueológico chegou ao conhecimento dos especialistas do Iphan e da UFRN, que demonstraram interesse em conhecer a área para possíveis prospecções. Durante a visita realizada nesta terça-feira (1), o arqueólogo Iago Albuquerque, membro do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, confirmou que a área de onde a cerâmica indígena foi retirada, há três anos, caracteriza um sítio arqueológico.
De acordo com a Lei 3.924/61, o local agora está sob a proteção do Iphan, constituindo crime a retirada de qualquer objeto do lugar, bem como danificação das peças. Este local era usado para a retirada de areia destinada à construção civil. A antropóloga Taís Cruz explica que fez a primeira identificação da peça de cerâmica, várias histórias apontam para existência de índios naquela região. De acordo com a professora, apesar de a área ter sido isolada pela Prefeitura — com estacas e arame farpado —, eram visíveis as marcas recentes de pneus que podem ser de máquinas para escavação. As últimas peças encontradas este ano teriam sido esmagadas.
“No dia 18 de agosto, recebi do aluno Marcelo Sena várias fotos das prováveis cerâmicas indígenas. Elas estavam quebradas, mas estavam ainda em estado de total restauração. Contudo, na manhã dessa terça-feira (1/9), elas foram encontradas todas destruídas”, denunciou Taís Cruz. A professora explica que os próximos passos serão a notificação oficial pelo Iphan de que a área deve ser interditada; embargo do aterro sanitário feito no local do sítio arqueológico e a elaboração de um plano de ação para dar início às escavações.
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