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segunda-feira, 2 de junho de 2014

A pílula deles!


Cientistas australianos estão próximos de criar a pílula anticoncepciopnal masculina, sem efeitos indesejáveis, como perda de libido ou desempenho sexual comprometido. Afinal, a  responsabilidade de não ter uma gravidez indesejada também é dos homens


Desde os anos 60, a responsabilidade da contracepção na relação sempre recaiu sobre a mulher, principalmente quando o assunto é pílula. Além de ficar com a obrigação de seguir data e horários certos, elas ainda arcam com os problemas de origem hormonal, característicos do medicamento. Mas isso está perto de mudar! Cientistas australianos deram um importante passo rumo à criação da pílula anticoncepcional masculina. Eles descobriram uma forma de interromper o fluxo de espermatozoides sem afetar a libido e o desempenho sexual, sem efeitos colaterais, não hormonal e de forma reversível.

As tentativas realizadas até então sempre desembocavam em efeitos indesejáveis para qualquer homem, como os citados acima — sem falar dos riscos de infertilidade e alterações permanentes na produção de esperma.

Foram realizados teste em camundongos, que não apresentaram reações adversas e voltaram a se reproduzir após a aplicação do medicamento ser suspensa.

A pílula em desenvolvimento age apagando geneticamente duas proteínas fundamentais, a alfa 1A-adrenérgico e P2X11-purinoceptor, bloqueando a liberação dos gametas masculinos durante o ato sexual e a ejaculação de esperma. Ela deverá ser ingerida diariamente pelos homens que não querem engravidar suas parceiras sem se submeter a procedimentos como a vasectomia, considerado um método seguro e simples pelos urologistas.

De acordo com o chefe da pesquisa australiana, Sab Ventura,  a “pílula masculina” só deve ser comercializada daqui a dez anos. Caso queira gerar filhos, basta o homem deixar de tomá-la.

Freando um exército

Enquanto a mulher libera apenas um óvulo em seu ciclo menstrual, disponibilizando-a à fecundação e facilmente bloqueado através de comprimidos, o homem lança cerca de 300 milhões de espermatozoides numa única ejaculada. “Então, torna-se mais complexo e mais difícil você bloquear esse mecanismo de espermatogênese  do homem. Daí a dificuldade de se chegar a um anticoncepcional nos moldes da anticoncepção feminina; seja através de comprimidos, seja através de injeções, porque o mecanismo fisiológico funciona diferente”, comenta o urologista José Hipólito Dantas Jr.

Para ele, a vasectomia é o método contraceptivo masculino mais seguro desenvolvido até hoje, se comparado com preservativos  e o coito interrompido. Mas ainda há um tabu sobre o procedimento. Embora o urologista acredite que isso esteja mudando. “Existia um estigma de que o homem que fazia vasectomia se equivalia, se fazia uma analogia, a um animal castrado, em que haveria uma perda da libido, do desempenho sexual etc. Isso não é verdade.” 

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