A senadora Fátima Bezerra (PT) decidiu entregar os cargos de diretor-geral e adjunto que indicou para a Fundação José Augusto. Na direção-geral estava Rodrigo Bico, e Laíssa Costa como adjunta. Esses são os cargos que a senadora e o grupo que ela integra no PT tinham indicado no início da atual administração. A senadora é aliada do governador desde a campanha eleitoral. Agora, ela e a corrente que lidera, a Avante Brasil, alegam insatisfação para tomar a decisão de deixar o governo.
A decisão foi tomada porque o grupo da senadora está insatisfeito por não ter plena autonomia para executar os projetos na Fundação José Augusto. Além disso, a secretária adjunta de Educação, Maria do Socorro da Silva, que tem afinidade política com a senadora, foi exonerada do cargo há mais de um mês, após fazer um apelo público ao governador para ele ser “mais sensível” na negociação com os professores e servidores da Uern, que estão em greve.
O assessor da senadora Fátima Bezerra e suplente de deputado federal, Adriano Gadelha, confirmou ontem a entrega dos cargos. Ele disse que as vagas estão oficialmente à disposição do diretório estadual Partido dos Trabalhadores, que vai decidir o encaminhamento.
Segundo Adriano Gadelha, a entrega não significa o rompimento político do PT com o PSD no Rio Grande do Norte. Essa decisão, explicou, só poderia ser tomada, oficialmente, pelo diretório estadual da legenda, o que não foi o caso. Também não implica na saída do partido, nem da senadora, da base aliada. Esse posicionamento também precisaria ser tomado por uma instância da legenda.
Mas, na prática, há um afastamento político entre a senadora e o governador. Um rompimento que não é oficial do PT, porque parte do partido ainda tem cargos na administração.
Ontem, houve uma reunião entre representantes da corrente Avante Brasil, o presidente estadual do PT, Eraldo Paiva, o líder do governo e deputado estadual Fernando Mineiro, e o vereador Hugo Manso. Na ocasião, foram comunicados da entrega dos cargos. Caberá agora ao partido decidir se fará novas indicações ou se deixará para o governador as escolhas, sem indicar petistas.
Adriano Gadelha disse ontem que “uma série de insatisfação” se acumularam para que os integrantes da corrente Avante fizessem a nova opção diante do governo.
Ele reconheceu que a recente troca de comando direção da CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos) no RN — com a substituição de João Maria Cavalcanti, ligado a Fátima Bezerra, para a nomeação de Leonardo Diniz, por indicação do deputado Fábio Faria (PSD) — contribuiu para o acúmulo de insatisfações.
Segundo Adriano Gadelha, a decisão de deixar o governo estadual foi coletiva da tendência Avante Brasil, embora não signifique a entrada oficial dos petistas na oposição. “Essas pessoas tinham dificuldades em dar conta da gestão na situação em que estão e, por isso, devolveram os cargos ao partido”, comentou Adriano Gadelha.
Adriano Gadelha aponta que há insatisfações O coordenador da corrente Avante Brasil, suplente de deputado Adriano Gadelha, explicou que os cargos foram devolvidos ao Partido dos Trabalhadores que agora definirá, em reunião, se fará novas indicações. Adriano Gadelha ressaltou que a senadora Fátima Bezerra (PT) manterá a atuação no que for necessário para contribuir com o Rio Grande do Norte. Mas, na prática fica público o distanciamento político entre senadora e o governador Robinson Faria (PSD).
“A senadora continuará contribuindo com o governo no que for necessário. Ela estará preocupada em tudo que for preciso para o Estado sair da situação na qual está e se manterá fazendo política junto ao Governo Federal”, disse Adriano Gadelha.
A reportagem da TRIBUNA DO NORTE tentou contato com o líder do Governo na Assembleia, deputado estadual Fernando Mineiro (PT). Ele disse que é uma decisão que cabe à senadora explicar. A TN também tentou ouvir o governador Robinson Faria ou algum representante do PSD. A assessoria do governo ficou de enviar um posicionamento, mas até o fechamento desta edição, não havia chegado qualquer declaração do governador.
Desde a composição do primeiro e segundo escalão do Governo Robinson Faria, ainda antes da posse, ficou explícito o pouco espaço que o grupo da senadora Fátima Bezerra teria na administração. O PT indicou cinco pastas de primeiro escalão: Educação, com Francisco das Chagas Fernandes, Juventude, com Divaneide Basílio, das Mulheres, com Teresa Freire, a Fundação José Augusto, com Rodrigo Bico, e a Assuntos Fundiário e Reforma Agrária, com Raimundo Sobrinho.
No entanto, desses postos, apenas a Fundação José Augusto era do grupo da senadora Fátima Bezerra, todos os demais integram outras correntes do PT, principalmente a que tem como líder o deputado estadual Fernando Mineiro.
Nos últimos meses, o distanciamento da senadora Fátima Bezerra do governador Robinson Faria ficou cada vez mais acentuado, inclusive nos eventos promovidos pelo Executivo estadual.
Fernando Mineiro, que foi lançado no ano passado como pré-candidato a prefeito por Robinson Faria, tende a evitar de imediato o rompimento oficial do PT. Mas os setores liderados por Fátima devem defender um posicionamento mais enfático com relação ao governo.
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